Por Wagner Cordeiro Chagas
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Antonio Vigorelli e João Piauí (concorreram a Prefeitura em 1965) |
Prezado leitor, Fátima do Sul
comemorará no dia 9 de julho deste ano seus 50 anos de emancipação
político-administrativa, uma história construída não só pelas principais
figuras políticas, mas, principalmente, pelo seu povo que tanto lutou e luta
para a formação deste município. É válido lembrar que são 50 anos de
emancipação, ocorrida no dia 11 de dezembro de 1963, e 59 de fundação, que se
deu no dia 9 de julho de 1954.
Conhecer a respeito do processo histórico de um
povo requer diversos olhares. É possível escrever sobre vários aspectos da
história, entre eles o político, o cultural, o econômico, o religioso. Como
pesquisador, há alguns anos, na área de História Política, optei por
desenvolver uma pequena pesquisa a respeito das eleições de 1965, 1967, 1969,
1972, 1976, 1982, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004, 2008 e de 2012 para prefeitura
de Fátima do Sul e suas implicações para a população, por meio de entrevistas e
levantamentos no acervo dos jornais O Progresso, O Zangão, Folha de Dourados,
Diário da Serra e Diário do Povo (atual Diário MS).
Estudar sobre os processos eleitorais é uma das
formas de se compreender como um povo lida com algo tão importante que é sua
organização política. Para o historiador francês René Rémond (2003), os estudos
sobre eleições revelam opiniões de uma coletividade em torno das formas de se
administrar a sociedade.
O primeiro pleito para o Executivo municipal
ocorreu no dia 4 de abril de 1965, data marcada pelo Tribunal Regional
Eleitoral de Mato Grosso para todos os municípios criados naqueles anos. A
demora em se realizar a eleição se deu em virtude do golpe militar de 31 de
março de 1964, que derrubou o presidente João Goulart (PTB) e implantou uma
ditadura que se prolongou por 21 anos, provocando alterações no calendário
eleitoral de 1964. Dessa forma, na primeira eleição de Fátima do Sul
concorreram dois candidatos a prefeito: Antônio Gabriel Moreira, popular
Antônio “Vigorelli”, da União Democrática Nacional (UDN) e João Castro Ribeiro,
mais conhecido como João “Piauí”, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Diferente de hoje, onde ao votar no candidato a
prefeito, governador e presidente, automaticamente se vota nos seus vices, naquela
época havia uma determinação da legislação eleitoral que obrigava a população a
escolher de forma separada os candidatos a vice-prefeito, vice-governador e
vice-presidente da República. Assim, concorreram a vice: Reinaldo dos Santos
Moraes (UDN) e Salatiel de Barros Cavalcante (PTB). Ao final, numa eleição
polêmica marcada por denúncias de fraudes, venceram Antônio Gabriel e Reinaldo
Moraes, o primeiro prefeito e vice de Vila Brasil/Fátima do Sul. É importante
ressaltar que o território fatimassulense abarcava o atual município de
Vicentina.
A eleição revelou que a nível municipal, a disputa
entre UDN e PTB era tão intensa quanto a nível nacional. Até o momento não foi
possível, devido a fontes ainda não encontradas, levantar os resultados em
números de votos dados aos candidatos, mas é possível afirmar que a candidatura
de João “Piauí” obteve um bom percentual por ser do PTB, partido que nessa
região tinha uma forte aceitação popular, devido a este local ter se originado
da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), criada em 1943 pelo governo
Vargas, um dos fundadores do partido.
Os vereadores eleitos foram: Claudiomiro de
Albuquerque, Salvador Hidalgo, Lázaro Berto, Antônio Jorge Leite, Clemente
Nunes, Aldo José, José Eugênio, Nelson Eurico, Valdomiro Alves, Levy Dias e
Delci Carvalho.
REFERÊNCIAS
CAPILÉ, Claudia Coutinho. História de Fátima do
Sul. Dourados: Graf. Caiuás, 1999.
RÉMOND, René (org.). Por uma história política.
Vol. 2. Rio de Janeiro: FGV, 2003.
ELEIÇÕES nos novos municípios. O Progresso.
Dourados, 6 mar. 1965, p. 02.
HOUVE fraudes nas eleições de Vila Brasil. O
Progresso. Dourados, 12 maio 1965, p. 01.
Site da Câmara Municipal:
www.camaradefatimadosul.ms.gov.br/historia/.
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